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Rock 'n' Roll

Rock 'n' Roll

Hits: 410.3K
Artist: Nando Reis

Lyrics

Em algum momento, virou o tempo Um deslizamento derramou cimento Entre a loucura e a razão Já não há silêncio, tudo é barulhento Muito movimento, pouco pensamento Sobra opinião Todos similares Carregam nas mãos seus celulares Rostos singulares Se tornam vulgares em meio à multidão Mas eu ainda canto meu rock 'n' roll Eu ainda canto meu rock 'n' roll Detritos nos mares, nos rios, nos lagos Todos infestados com enxofre, chumbo e ácido O imundo licor preto Garrafas pet, cápsulas de Nespresso Como espectros, durante séculos Vagarão boiando pelos oceanos seus esqueletos Não há nenhum ninho Na grande ilha de lixo do Pacífico Como um urso polar Flutuando num bloco de gelo à beira da extinção Eu ainda canto meu rock 'n' roll Eu ainda canto meu rock 'n' roll Conservadores e liberais usam as redes sociais Pra divulgar os seus boçais ideais medievais Como se fossem os dez novos mandamentos Em presídios superlotados Homens trancafiados, sendo decapitados Seus corações arrancados Já não causam mais nenhum estranhamento Perdeu seu emprego Quando revelaram seu segredo Morrendo de medo Foi crucificado com desprezo como um traidor Mas ele ainda tem o seu rock 'n' roll Ele ainda tem o seu rock 'n' roll Pastores e censores, delatores, promotores Senadores, corruptores, grandes trocas de favores Na maior hipocrisia e desfaçatez As transações tenebrosas das obras portentosas Roubam somas vultosas bocas gananciosas Esperando cada uma a sua vez É crime o aborto Mas não o é o roubo de um bilhão Por um pacote de biscoitos Ele passou mais de 20 anos na prisão Mas ele ainda tem o seu rock 'n' roll Ele ainda tem o seu rock 'n' roll Todos de vermelho comungam de joelho São fartos em conselhos, mas não olham pro espelho Evitando o constrangimento da própria contradição Vaca amarela guardou a panela E a camisa amarela saiu da janela Onde foi parar aquela balela da fúria e da indignação? Não tenho as certezas Dos hinos que grita a multidão Mas finco a bandeira Do arco-íris, viva a liberdade de expressão Sertanejo, gospel, hip-hop, choro Samba, funk e pagode, rap, rock 'n roll A polícia dos costumes, chafurdada no estrume Manipula seu o cardume, acendendo o vaga-lume Aumentando o volume da sirene odiosa da repressão Uma mão na bíblia, outra no coldre, repetindo seu slogan Dente por dente, olho por olho Bandido bom, bandido morto Parece um contrassenso o argumento que armamento é proteção Tudo é transgênico No alimento que comemos Mas negros, travestis e transgêneros São assassinados, humilhados e tratados com discriminação Com eles que eu canto esse rock 'n' roll É com eles que eu canto esse rock 'n' roll Toda nudez é inocente, até que a mente indecente Dessa gente doente, de língua maledicente Transforme a inocência da nudez da gente somente em perversão Se Deus fosse consultado, qual seria o resultado? Escolheria algum dos lados dos inimigos tresloucados Lunáticos, fanáticos por suas crenças ou pela religião? Uns creem no Gênesis Outros na teoria da evolução Buscando sossego, ele lê os gregos Hesíodo e Platão Mas eu ainda tenho meu rock 'n' roll Eu ainda tenho meu rock 'n' roll Na primavera, me disse a Vera Eu vou, não me espera Abriu-se uma cratera onde havia terra Ela era a atmosfera e o meu chão E eu sonho com ela, eu preciso dela Sou louco por ela, a vida sem ela É incongruência, desolação O mundo não é mais o mesmo em que eu nasci Mas eu continuo curando a tristeza Com a beleza de uma canção Por isso eu ainda canto meu rock 'n' roll Eu ainda canto meu rock 'n' roll Eu canto, eu canto o meu rock 'n' roll Eu ainda canto, eu canto meu rock 'n' roll E eu ainda canto, eu canto, eu canto rock 'n' roll E eu ainda canto, eu canto, eu canto

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